Em quatro anos, casos de infecção por HIV em Florianópolis caem 30%

Em 2018, Florianópolis era a segunda capital brasileira com maior taxa de detecção de casos de Aids a cada 100 mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde. De lá para cá, a realidade mudou. Em quatro anos, de 2019 a 2023, os casos de Aids diminuiram 33%. Já os casos de infecção por HIV em Florianópolis caíram em 30%.

Na foto, testagem para infecções sexualmente transmissiveis. casos de infecção por HIV em Florianópolis caem.

Casos de infecção por HIV em Florianópolis cairam em Florianópolis nos últimos quatro anos; Capital incentiva testagem – Foto: Freepik/ND

O HIV, vírus da imunodeficiência humana, não tem cura e é o causador da Aids. No entanto, há anos, existem tratamentos. Ou seja, a diferença entre as detecções de HIV e Aids indicam que centenas de pessoas são soropositivo para HIV, mas não desenvolvem a doença.

Prevenção em casos de infecção por HIV em Florianópolis

Na Capital, a Secretaria de Saúde explica que aplica a chamada “prevenção combinada”, quando há uma estratégia de saúde pública que integra múltiplos métodos de prevenção ao HIV, adaptados às necessidades específicas de diferentes populações e contextos.

As abordagens incluem incentivo ao uso de preservativos, testagem para HIV e outras ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), profilaxia pré-exposição (PrEP), profilaxia pós-exposição (PEP), tratamento antirretroviral para pessoas que vivem com HIV com o objetivo de supressão viral e ações de redução de danos.

Uso de PrEP em Florianópolis

Ainda, a dados da Secretaria de Saúde dão conta que cerca de 4,8 mil pessoas iniciaram o uso da PrEp em 2024, em Florianópolis. O medicamento reduz as chances de infecção pelo HIV em 99%. Hoje, 2,6 mil pessoas fazem o uso regular da profilaxia na Capital.

“Com esse número, Florianópolis tem uma taxa de 465 usuários da PrEP a cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da taxa da cidade de São Paulo, por exemplo, que é de 223 usuários. Um indicador que coloca Floripa na vanguarda pela luta por uma geração livre de HIV/Aids”, explica o Coordenador do Departamento de Gestão da Clínica da Secretaria Municipal de Saúde e médico de família, Ronaldo Zonta.

Não houve registros de casos de infecção por HIV em bebês – de mãe para filho – nós últimos dois anos em Florianópolis, a chamada transmissão vertical – Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Reprodução/ND

Outra preocupação é a transmissão vertical de HIV, de mãe para filho. O número também vem reduzindo e, em 2023 e 2024, chegou a zero.

Dezembro Vermelho

Neste domingo (1), celebra-se o Dia Mundial de Combate à Aids e é, também, o ínicio do Dezembro Vermelho, mês de campanha a prevenção da doença.

Em Florianópolis, o mês terá atividades contínuas para incentivar a queda dos números. Na mortalidade por Aids, por exemplo, houve redução de 7%, mas o dado é considerado tímido.

“Embora se observe tendência de redução, esta queda ainda é discreta e sinaliza que o desafio no enfrentamento da doença continua, apesar dos bons resultados dos últimos anos”, ressalta Zonta.

Informação também é prevenção

Nesta segunda (2), uma das primeiras ações da Secretaria de Saúde de Florianópolis é uma abordagem de profissionais, representantes de organizações sociais e ativistas em frente ao Ticen. O objetivo é dialogar com as pessoas que passam diariamente pelo local.

Para continuar redução na curva de casos de infecção por HIV em Florianópolis, Dezembro Vermelho terá programação de conscientização – Foto: Pexels/Reprodução/ND

“Mesmo com os avanços, a luta contra o HIV/Aids ainda enfrenta diversas barreiras e desafios, principalmente relacionadas ao estigma, preconceito e desinformação. Apesar da Aids ter sido estigmatizada como “doença de gays e travestis”. Atualmente tem tido um aumento de novos casos de HIV e mortalidade por Aids entre  heterossexuais, um público que ainda precisa ter mais informações”, explica Zonta.

Destaque na pesquisa para tratar a doença

Destaque internacional na pesquisa sobre o tratamento contra o HIV/Aids, o professor Aguinaldo Roberto Pinto, do Departamento Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina, estuda sobre o assunto há pelo menos 26 anos.

Além de ter participado de experimentos científicos importantes para entender as possibilidades do tratamento da doença, o professor ressalta que a mudança no pensamento foi, também, uma virada de chave.

“Houve também uma mudança importante na percepção da Aids como uma doença fatal para uma doença crônica e controlável. Com a eficácia da terapêutica, as pessoas que vivem com HIV tiveram uma melhoria considerável na qualidade de vida e têm agora uma expectativa de vida semelhante à do restante da população, uma vez que a carga viral pode ser controlada ao ponto de se tornar indetectável no sangue”.

Conheça os serviços disponíveis em Florianópolis

  • Autoteste de HIV –Residentes de Florianópolis podem solicitar autotestes de HIV para receber pelos Correios pelo site A Hora É Agora. Além disso, os autotestes de HIV podem ser retirados gratuitamente nas farmácias de todos os Centros de Saúde e Policlínicas. Cada pessoa pode levar até cinco autotestes para si e para entregar para parcerias, amigos e familiares.
  • Tratamento para HIV – Pessoas vivendo com HIV podem iniciar o tratamento e realizar cuidados de rotina nos Centros de Saúde com médicos de família e enfermeiros devidamente qualificados, sendo possível escolher em qual unidade realizar o acompanhamento. Situações de maior vulnerabilidade e complexidade contam com apoio da equipe de enfermeiros e infectologistas dos CTRr/Policlínicas, após encaminhamento do Médico de Família. Em Florianópolis, a diretriz é que uma pessoa que vive com HIV, recém diagnosticada, pode iniciar o tratamento no mesmo dia ou até 7 dias, se a avaliação clínica dela permitir. Para conhecer os serviços dos CTRr, clique aqui.
  • Acesso à Profilaxia pós-exposição (PEP) – Se uma pessoa tiver uma relação sexual desprotegida, seja porque não usou o preservativo ou porque o preservativo rompeu, ela pode fazer uso da PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV) em até 72 horas para prevenir de se infectar pelo HIV. O tratamento é um comprimido, realizado durante 28 dias, e está disponível nos Centros de Saúde ou UPAs 24h. Para informar-se onde buscar o mais rápido possível a PEP, a pessoa pode ligar no Alô Saúde Floripa 0888 333 3233.
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