O Brasil enfrentou um impacto relativamente menor com as novas tarifas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos em 2 de abril, segundo análise de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group. Enquanto produtos brasileiros receberam uma tarifa de 10%, outros países, principalmente na Ásia, sofreram com alíquotas entre 25% e 49%.
Garman pondera que, embora o Brasil possa parecer em vantagem relativa, é necessário cautela ao afirmar que o país foi um “ganhador” neste cenário. Ele aponta dois motivos principais para essa precaução:
Risco de novas medidas tarifárias
A possibilidade de futuras medidas tarifárias contra o Brasil ou outros países da América do Sul não foi completamente descartada. O governo americano mantém seu foco em implementar uma política de
restrições a investimentos chineses na região, o que pode gerar atritos nas relações entre Brasil, China e Estados Unidos.
Deterioração das relações políticas
As relações políticas entre Brasil e Estados Unidos “não poderiam estar piores”, nas palavras de Garman, citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como um fator complicador.
O analista ressalta que o anúncio de 2 de abril representa uma ruptura na ordem comercial global. O maior perigo, segundo ele, é um possível desaquecimento mais profundo da economia global, cenário no qual “ninguém ganha em termos relativos”.
Garman conclui alertando que, em um mundo com tendência à maior fragmentação, inflação elevada e menor crescimento, o Brasil também sofrerá as consequências negativas. Essa nova realidade econômica global apresenta desafios significativos para o país, apesar do aparente benefício inicial com as tarifas mais baixas.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Análise: Como fica o Brasil após tarifaço do governo Trump no site CNN Brasil.