
O médico de Papa Francisco, Sergio Alfieri, revelou os momentos mais críticos da internação, em que a equipe médica considerou deixá-lo morrer. O pontífice foi hospitalizado em 14 de fevereiro, diagnosticado com pneumonia dupla, e teve alta no último domingo (23).

Papa Francisco fez primeira aparição pública no domingo, após passar 38 dias internado com pneumonia – Foto: Domenico Stinellis/Estadão Conteúdo/ND
Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, na terça-feira (25), o médico contou que o “pior momento” da hospitalização foi 28 de fevereiro, quando o Papa Francisco teve uma crise respiratória e o quadro se agravou.
“Pela primeira vez vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas ao seu redor. Pessoas que, percebi durante esse período de internação, o amam sinceramente, como um pai. Estávamos todos cientes de que a situação havia piorado ainda mais e que havia o risco de ele não sobreviver”, relata.

Cirurgião Sergio Alfieri considerou suspender tratamento devido ao risco de danificar os rins e a medula óssea do Papa – Foto: Divulgação/Vatican Media/ND
Sergio Alfieri, chefe da equipe no Hospital Gemelli, em Roma, disse que os médicos avaliaram suspender o tratamento e deixar o Santo Padre morrer, mas Francisco pediu: “Tente de tudo, não desista”.
“Tivemos que escolher entre parar e deixá-lo ir ou forçá-lo e tentar todos os medicamentos e terapias possíveis, correndo o risco muito alto de danificar outros órgãos. E no final nós tomamos esse caminho”, detalha o cirurgião italiano.
Médico acredita que recuperação de Papa Francisco foi um ‘milagre’

Santo Padre, de 88 anos, correu risco de morte súbita em duas ocasiões – Foto: Divulgação/Vatican News/ND
Papa Francisco teve um segundo episódio de broncoespasmo que alarmou a equipe do hospital. O médico de confiança do pontífice explica que ele estava comendo quando teve uma regurgitação e inalou o alimento.
“Foi o segundo momento realmente crítico porque nesses casos – se não forem socorridos prontamente – há risco de morte súbita, além de complicações nos pulmões, que já eram os órgãos mais comprometidos. Foi terrível, realmente achamos que não conseguiríamos”, diz Sergio Alfieri.
O cirurgião acredita que o fato do mundo inteiro estar rezando pelo Papa Francisco contribuiu para mantê-lo vivo: “Há uma publicação científica segundo a qual as orações dão força aos doentes, neste caso o mundo inteiro começou a rezar. Posso dizer que a situação foi perdida duas vezes e então aconteceu como um milagre”.
Papa Francisco fez ‘noite de pizza’ no hospital

Papa Francisco fazia piadas e circulava pela enfermaria em sua cadeira de rodas – Foto: AFP/ND
Sergio Alfieri também destacou a importância do bom humor, a cooperação e a consciência do Papa Francisco no tratamento.
“Ele costuma dizer: ‘Ainda estou vivo’ e imediatamente acrescenta: ‘Não se esqueça de viver e manter o bom humor’. Ele tem um corpo cansado, mas a mente é a de um homem de 50 anos. Ele também demonstrou isso na última semana de sua hospitalização”, observa.
Quando começou a se sentir melhor, o Santo Padre pediu para dar uma volta pela enfermaria e ver os outros pacientes. Ele chegou a fazer uma “noite da pizza” no Hospital Gemelli.
“Ele deu o dinheiro a um dos colaboradores e ofereceu pizza a quem o tinha assistido naquele dia”, lembra o médico.