RJ: chefe de facção criminosa usava Correios para importar armas

TCP importava armas através dos CorreiosReprodução/TV Globo

Uma investigação revelou que o Terceiro Comando Puro (TCP), facção criminosa que atua no Rio de Janeiro, utilizava os Correios e transportadoras privadas para importar ilegalmente armamentos.

O esquema era comandado pelo traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, chefe do Complexo de Israel, na zona norte da cidade. Ele contava com o apoio de um armeiro identificado como Everson Vieira Francesquet, apelidado de “Deus”, responsável por coordenar as compras e a logística das entregas.

A informação foi divulgada pelo programa ‘Fantástico’, da TV Globo, na noite deste domingo (23). Segundo a reportagem, armas e equipamentos militares eram encomendados do exterior, passavam pelo Paraguai e seguiam para o Brasil sem fiscalização. O material chegava diretamente às casas de integrantes da facção ou ao endereço do próprio armeiro.

Everson foi preso ao tentar retirar um fuzil anti-drone em uma encomenda enviada pelos Correios para Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Agora, a Polícia Federal busca transferi-lo para um presídio de segurança máxima. Ele é acusado de tráfico internacional de armas e participação em organização criminosa.

Esquema internacional burlava alfândega

As investigações indicam que Everson negociava diretamente com fornecedores da China, dos Estados Unidos e do Paraguai. Para evitar que as remessas fossem interceptadas, os pacotes eram declarados como “brinquedos eletrônicos” e o valor registrado nas compras era mantido abaixo de US$ 25, evitando inspeções na alfândega brasileira.

Além dos Correios, empresas de transporte como DHL e AliExpress eram utilizadas para monitorar as remessas. Os criminosos recebiam códigos de rastreio, permitindo acompanhar a localização dos pacotes até a entrega final.

Em conversas interceptadas pela polícia, Peixão mencionava que pretendia comprar cinco armas de uma só vez, alegando ter “muitos clientes interessados”. Já Everson explicava que a rota utilizada permitia que os armamentos chegassem ao Brasil sem dificuldades: “Vem dos Estados Unidos para o Paraguai. No Paraguai não tem fiscalização aduaneira, lá é liberado. Atravessa a fronteira e manda pelos Correios”.

A reportagem do Portal iG entrou em contato com os Correios para comentar o caso, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria.

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