Moradores que perderam suas casas nos incêndios do mês passado em Los Angeles (EUA) temem que os pagamentos de seguro não sejam suficientes para cobrir o custo de começar tudo de novo, afirma reportagem da NBC. O trabalho de rescaldo ainda não terminou, ainda há muito trabalho pela frente, mas os moradores já pensam no futuro, e com preocupação. Antes da tragédia, os preços dos imóveis já estavam fora do alcance de muitas pessoas.
Aluguel de R$ 17 mil
Kaitlyn Little, que cresceu em Pacific Palisades, perdeu o condomínio que dividia com o marido e o filho de 2 anos, após o fogo consumir o local, no dia 7 de janeiro.
Agora, tenta encontrar um local para morar numa região onde o preço médio de uma casa, no Condado de Los Angeles, é de pouco menos de US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões), e o aluguel médio é de quase US$ 3 mil (R$ 17 mil).
Líderes estaduais e locais alertaram contra aumentos abusivos de preços, mas famílias deslocadas disseram que já estão sentindo o aperto.
Little disse que não tem condições de reconstruir, muito menos comprar uma casa. “Nosso seguro não cobre nem de longe o custo do que foi perdido”, disse ela.
Saídas às pressas, retorno lento ou impossível
Como muitos sobreviventes, Little não teve tempo de fazer as malas antes de sair às pressas do condomínio que alugou. Correu para fugir do fogo, com as roupas do corpo e três fraldas, pensando que voltaria para casa em algumas horas.
Depois de muita burocracia, Little recebeu um pagamento de US$ 16 mil (R$ 91 mil). Agora, tenta estender esse valor para cobrir a mudança para um novo apartamento e comprar roupas e itens essenciais para a família de três pessoas.
Ela sonha em voltar para a região onde vivia, mas teme que o aumento dos aluguéis os force a se mudar de maneira definitiva.
“Voltar é o sonho, mas há muitos fatores em jogo”, disse ela. “Como será daqui a um ano e como serão as escolas?”
As primeiras estimativas da perda econômica total dos incêndios dispararam para US$ 250 bilhões (R$ 14 bilhões), afirma a reportagem da NBC. Um estudo de impacto econômico da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, confirmou o que a maioria das pessoas já sabia: o mercado imobiliário se tornará mais inacessível nos próximos anos, e os aluguéis, já escassos antes dos incêndios, ficarão ainda mais caros. ‘Morte do sonho americano’ Até mesmo os proprietários de imóveis na elegante Pacific Palisades enfrentam o problema de ter que, talvez, mudar em definitivo. Blake Mallen morava em uma casa avaliada em mais de US$ 3 milhões (R$ 17 mil), perto do início da trilha onde o incêndio de Palisades aconteceu pela primeira vez. A casa de cinco quartos e cinco banheiros foi quitada integralmente, mas Mallen foi um dos cerca de 1.600 moradores de Palisades dispensados por suas seguradoras de imóveis no ano passado em meio a custos e risco crescentes de incêndios florestais. Ele tentou complementar seu seguro residencial por meio da seguradora, mas foi informado de que não se qualificava porque o valor de sua casa era muito alto.
Sem seguro, Mallen não conseguiu recuperar as perdas.
“Esta é a morte do sonho americano”, disse ele.
