Seguranças do delator do PCC já eram investigados por envolvimento com PCC

Vinícius Gritzbach foi atingido com tiros de fúzilReprodução/ Redes Sociais

A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo havia aberto uma investigação para apurar o suposto envolvimento dos policiais militares com o que atuavam como seguranças pessoais de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Gritzbach, delator da facção, foi executado no aeroporto de Guarulhos na sexta-feira (8). Os cinco PMs, que são praças (soldados, cabos e sargentos), foram indicados para o serviço particular por um tenente, segundo relatos registrados pela Corregedoria.

Informações preliminares destacaram que quatro seguranças acompanhavam o empresário. Entretanto, o soldado Samuel Tillvitz da Luz, do 18° Batalhão Metropolitano, é foi o quinto integrante da escolta.

Após o crime, os corregedores revisitaram o Inquérito Policial Militar (IPM) já instaurado e confirmaram que os nomes dos seguranças de Gritzbach apareciam na investigação. Agora, as informações anteriores serão integradas aos novos elementos, especialmente após a apreensão dos celulares dos PMs envolvidos.

“Já existe um inquérito policial militar instaurado pela Corregedoria da Polícia Militar apurando a conduta criminal dos policiais militares mencionados. Não só os que estavam ali realizando a escolta nesse dia, mas eventualmente de outros policiais militares envolvidos com qualquer indivíduo da facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Já tem mais de um mês que esse inquérito foi instaurado e ele está sendo instruído pela corregedoria. E por que só agora eu estou noticiando isso? Porque ele corre em segredo de justiça, obviamente”, afirmou o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, durante coletiva nesta segunda-feira (11).

Derrite acrescentou que todos os PMs presentes no aeroporto em Guarulhos na ocasião do crime tiveram seus celulares apreendidos e foram chamados pela Corregedoria para prestar esclarecimentos sobre o serviço que faziam. “Só o simples fato de realizarem um serviço já configura uma transgressão disciplinar que não é permitida, além disso estavam fazendo isso para um indivíduo criminoso”, completou.

Relato da segurança

Samuel acompanhava Gritzbach durante o voo de Maceió para São Paulo, além de sua namorada, que trazia uma mala com joias avaliadas em R$ 1 milhão. O segurança contou, em depoimento à Corregedoria da PM, que há um ano trabalha para Gritzbach. No dia do atentado, antes de o avião pousar, ele entrou em contato com os outros integrantes da equipe em terra (outros quatro PMs) por meio do celular.

Ao desembarcar, o Samuel relatou que, após atravessarem a porta de vidro do aeroporto, ouviu disparos e se escondeu atrás de um ônibus estacionado, fugindo a pé e alegando que estava em desvantagem.

PMs são indiciados

Os cinco PMs que faziam a segurança do empresário foram indicados para fazer o bico ilegal por meio de um tenente da PM.

A prática de “bicos” como segurança particular seja proibida pela corporação é considerada uma infração disciplinar grave, apesar de ser uma atividade tolerada na prática.

A Corregedoria apurou que, Adolfo Oliveira Chagas, um dos PMs foi indicado, pelo Tenente Garcia, do 23º Batalhão Metropolitano, para prestar alguns trabalhos para a família de Gritzbach em 2023.

O militar disse que interrompeu os serviços ao descobrir, pelo noticiário, o envolvimento do empresário com o PCC. Mesmo assim, aceitou um serviço esporádico de dois dias em razão de “sua precária condição financeira.”

Além de Adolfo, os PMs Leandro Ortiz, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima foram afastados de suas funções até o final das investigações, neste sábado (9). Os investigadores não descartam a hipótese de que os seguranças de Gritzbach teriam falhado intencionalmente no momento em que empresário estava desembarcando do aeroporto.

Jefferson também declarou à Corregedoria que começou a atuar na segurança de Gritzbach por intermédio do tenente Garcia, mesmo após saber de rumores sobre atividades ilícitas do empresário.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou, em nota, que “atividades externas à Corporação constituem infração ao regulamento disciplinar da instituição, sujeitando o infrator a sanções administrativas”.

A SSP não respondeu especificamente se o tenente Garcia ou o soldado Samuel estão sendo investigados, limitando-se a dizer que os envolvidos foram ouvidos e permanecem afastados das atividades operacionais enquanto o caso é apurado.

O que os PMs alegam?

Os PMs que faziam a segurança disseram que um problema com um dos carros impediu a chegada deles ao aeroporto antes do assassinato do empresário. Dois seguranças, em depoimento, alegaram que o grupo foi chamado para ir até o aeroporto buscar o empresário e a namorada dele.

Os agentes se dividiram em dois carros. Em um, estavam os policiais Adolfo e Leandro. Em outro veículo, estavam os policiais Jefferson e Romarks, o filho e um sobrinho do empresário.

Os depoimentos ainda contam que, por volta das 15h, eles pararam em um posto de gasolina próximo ao aeroporto para fazer um lanche. Minutos depois, o filho de Gritzbach informou aos seguranças sobre a chegada do pai.

Segundo os policiais, na hora do atentado, um dos veículos apresentou um problema na ignição e não estava mais ligando. O outro carro, porém, se dirigiu até o aeroporto com quatro pessoas. Antes, fizeram uma parada no posto para deixar um dos policiais e abrir espaço no carro para o empresário e a mulher.

Quando esse veículo chegou no aeroporto, com o policial Jefferson, o filho e o sobrinho do empresário, ocorreram os tiros.

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