
Legenda de Bolsonaro deve ocupar Relações Exteriores para se opor a STF e Moraes e ficar com Saúde, de maior Orçamento. PT quer Educação, Trabalho e Direitos Humanos. Os deputados se reúnem nesta terça-feira (18) com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tentar chegar a um acordo sobre as presidências das comissões temáticas da Casa.
Fachada do Congresso Nacional, a sede das duas Casas do Poder Legislativo brasileiro, durante o amanhecer. As cúpulas abrigam os plenários da Câmara dos Deputados (côncava) e do Senado Federal (convexa), enquanto que nas duas torres – as mais altas de Brasília, com 100 metros – funcionam as áreas administrativas e técnicas que dão suporte ao trabalho legislativo diário das duas instituições. Obra do arquiteto Oscar Niemeyer.
Pedro França/Agência Senado
O plano é definir nesta terça os comandos e instalar os colegiados na quarta-feira (19).
Os deputados têm dois encontros marcados com Motta para esta terça: o primeiro, um café da manhã, será na Residência Oficial do Presidente da Câmara às 8h. O segundo, uma reunião do colégio de líderes na Câmara dos Deputados, acontece às 14h.
A ideia é encaminhar as discussões pela manhã e chegar com as definições já praticamente fechadas no encontro da tarde.
Contexto
A Câmara tem 30 comissões temáticas. O comando de cada uma delas costuma ser distribuído pelos partidos por meio de um acordo fechado durante as eleições para a presidência da Casa.
Assim, um partido pode abrir mão de uma vaga na Mesa Diretora para presidir uma comissão importante, por exemplo.
A sigla que tem a maior bancada escolhe primeiro quais comissões quer presidir. No caso desta Legislatura, o PL, com 92 parlamentares, é o maior partido e por isso fará as duas primeiras escolhas. No total, a sigla pode presidir 6 comissões.
A federação PT-PCdoB-PV escolhe na sequência e pode presidir até cinco colegiados.
Essas “pedidas” podem, inclusive, ser trocadas entre os partidos. O PDT, por exemplo, tenta construir um acordo com o PT para antecipar sua pedida.
Por ter uma bancada pequena, a sigla faria uma escolha depois que a maioria das legendas escolhesse um colegiado, o que limitaria as possibilidades de presidir um colegiado relevante.
Disputas
O PL deve pedir nas duas primeiras posições as comissões de Relações Exteriores (Creden) e de Saúde.
O comando da Creden virou prioridade do partido depois que o PT foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedir a apreensão do passaporte do parlamentar por suposto atentado à soberania nacional.
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Segundo os autores do pedido, Eduardo Bolsonaro teria usado viagens internacionais para instigar políticos americanos contra o Supremo e as instituições democráticas. Por isso, se justificaria a retenção do documento.
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A Saúde é uma das comissões mais importantes porque concentra uma grande fatia do Orçamento. Metade das emendas parlamentares obrigatoriamente precisa ser investida na área.
O partido também deve pedir a presidência da Comissão de Segurança Pública e ventilou a ideia de comandar as comissões de Povos Originários e Direitos Humanos, o que desagradou ao PT.
Essas comissões costumam contemplar partidos menores ou siglas de centro-esquerda, mas o PL quer usá-las para esticar a corda em embates sobre o meio ambiente em ano de COP 30.
A federação PT-PCdoB-PV pode fazer cinco pedidas. A primeira delas deve ser Educação. O partido quer evitar que o colegiado caia de novo nas mãos de um “bolsonarista”, como aconteceu no ano passado com Nikolas Ferreira (PL-MG).
O partido ainda trabalha para finalizar suas pedidas e vai mirar um acordo em torno dos seguintes colegiados:
Direitos Humanos
Finanças e tributação
Fiscalização e Controle
Cultura
Trabalho
Ciências e Tecnologia
CCJ e Orçamento
Por um acordo firmado no início de 2023, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve ficar neste ano com o União Brasil. O colegiado é um dos mais importantes da Casa, porque analisa a admissibilidade das matérias e pode abreviar a tramitação de projetos.
CCJ da Câmara é considerada uma das comissões mais importantes da Casa Legislativa.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Inicialmente, o partido ficaria com a relatoria do Orçamento de 2026, mas perdeu o posto, porque demorou a embarcar na campanha de Motta para a presidência.
Com isso, o União Brasil deve presidir a CCJ e a Comissão Mista de Orçamento (CMO) e deixar a relatoria do Orçamento para o MDB. O nome que vem sendo cotado é do líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL).
A relatoria do Orçamento é uma das funções mais cobiçadas dentro do Congresso Nacional, já que é responsável pelo parecer que irá destinar todos os recursos da União de 2026, ano de eleições nacionais.
O deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) deve ser o relator do Orçamento.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Outros partidos
O PSD vai tentar presidir as comissões de Turismo e Minas e Energia, mas o acordo ainda não está fechado. O PL manifestou interesse de pedir a presidência da comissão de Minas e Energia.
Além dessas definições, o acordo para presidir os colegiados inclui as seguintes escolhas:
Agricultura: PP;
Meio Ambiente: MDB;
Finanças e Tributação: Republicanos;
Integração Nacional e Desenvolvimento Regional: União;
Viação e Transporte: PP;
Turismo: PSD;
Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência: PSB;
Trabalho: PT;
Comunicação:PL ou Republicanos.