Espanha determina que World exclua todos os dados de íris escaneadas no país


Projeto do criador do ChatGPT já coletou dados de mais de 500 mil pessoas na Espanha. Operação já tinha sido interrompida em março por ordem da Justiça no país. Empresa quer escanear a íris de toda a população mundial para coletar dados
O órgão fiscalizador de proteção de dados da Espanha determinou nesta quinta-feira (19) que a World exclua todos os dados de íris escaneadas no país.
A decisão veio da Agência Espanhola de Proteção de Dados ao entender que o empreendimento pode ser uma violação das regras de proteção de dados da União Europeia.
A World é uma iniciativa criada pelo bilionário Sam Altman, cofundador da OpenAI, criadora do ChatGPT. Segundo o projeto, o escaneamento de íris tem o objetivo de ajudar a diferenciar humanos e robôs, bem como autenticar o login de usuários em sites e aplicativos.
Em março, a agência já havia determinado a interrupção imediata do escaneamento e tratamento de dados pessoais que a empresa realizava na Espanha, segundo o El País. A decisão foi mantida pelo Tribunal Supremo da Espanha, rejeitando um recurso movido pelos proprietários da organização.
A World disse ao g1 em 11 de dezembro que a operação na Espanha “está atualmente em uma pausa temporária por iniciativa própria do projeto.”
O g1 questionou novamente a World nesta quinta-feira (19) sobre a ordem de exclusão dos dados na Espanha e aguarda resposta.
A Espanha não é o primeiro país a ir nesta direção. Em novembro, a República Dominicana também suspendeu o escaneamento no país.
A decisão também segue uma preocupação global sobre privacidade dentro deste projeto criado por Sam Altman, CEO da OpenAI (empresa do ChatGPT).
Escaneamento no Brasil
No Brasil, a World está coletando dados em 20 pontos de São Paulo. Até o momento, a empresa afirma ter escaneado as íris de 189 mil pessoas no país, segundo dados desta quinta-feira (19) divulgados pela própria empresa.
Quem aceita oferecer seus dados ganha tokens da Worldcoin, moeda digital da empresa que pode ser convertida para o real.
O projeto levanta questionamentos sobre como vai tratar informações biométricas de milhões de pessoas e qual é a finalidade da coleta desses dados, que são considerados sensíveis pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
👁️ O que é o projeto
Segundo a organização, o escaneamento da íris tem como objetivo auxiliar na distinção entre humanos e robôs criados por inteligência artificial (IA). Entre os potenciais usos da inovação está a prevenção de perfis falsos em sites e redes sociais, por exemplo.
A ideia da World é que essa tecnologia ainda substitua o Captcha, uma ferramenta de segurança usada por vários sites para certificar que quem está acessando é um humano e não um robô (veja na imagem abaixo).
Teste do reCAPTCHA pode ser validado automaticamente em certas circunstâncias
Reprodução
A estrutura da World tem três frentes:
👁️ World ID, como é chamado o passaporte digital que transforma o registro da íris em uma sequência numérica;
🪙 Token Worldcoin (WLD), a criptomoeda que será distribuída como recompensa para todos os inscritos;
📱World App, o aplicativo que permite fazer transações com a criptomoeda.
A “foto” da irís da pessoa é tirada com a câmera Orb (veja na imagem abaixo) e é usada para criar um código numérico para identificar cada usuário e, de acordo com a World, é apagada logo em seguida.
Dispositivo usado para criar ‘passaporte digital’ da Worldcoin
Darlan Helder/g1
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