Filipina condenada à morte na Indonésia volta para seu país após 15 anos na prisão

Mary Jane Veloso escapou do corredor da morte na IndonésiaReprodução/ZUMA Press Wire

Uma mulher imigrante das Filipinas, que passou quase 15 anos no corredor da morte na Indonésia, deve voltar para casa na quarta-feira (18) após um acordo ser fechado entre os dois países.

Mary Jane Veloso, hoje com 39 anos, foi condenada à morte após ser considerada culpada por tráfico de drogas em 2010. Ela sempre alegou inocência, dizendo que foi enganada para carregar uma mala contendo drogas enquanto viajava para um novo emprego no exterior.

Veloso descreveu a decisão de permitir que ela voltasse para casa como “um milagre”. “Por quase 15 anos, fiquei separada da minha família e não pude ver meus filhos crescerem”, disse a mulher à Associated Press. “Desejo ter a oportunidade de cuidar dos meus filhos e estar perto dos meus pais”.

Apelo público

O caso atraiu simpatia das pessoas nas Filipinas e na Indonésia, onde muitos se identificaram com a situação de uma mãe solteira que foi para o exterior em busca de melhores oportunidades para sustentar seus filhos. Muitos, em ambos os países, têm parentes que trabalham no exterior, onde são vulneráveis ​​à exploração por recrutadores e chefes abusivos.

Maru Jane foi transferida de uma prisão na cidade de Yogyakarta para uma prisão somente para mulheres na capital, Jacarta, no último domingo (15). Ela voará para Manila, capital filipina, depois da meia-noite de terça (17) e deve chegar por volta das 5h40, horário local (21h40 GMT) na quarta, de acordo com seu advogado, Edre Olalia. A mulher será proibida de voltar à Indonésia. 

Olalia disse ao jornal The Guardian que não estava claro o que aconteceria com o caso de Veloso quando ela voltasse às Filipinas. “Ambos os governos foram, compreensivelmente, muito discretos na divulgação dos detalhes operacionais”, disse.

Pode continuar presa nas Filipinas

O ministro sênior de direito e direitos humanos da Indonésia, Yusril Ihza Mahendra, disse à mídia que havia acordado que as Filipinas respeitariam a sentença do tribunal indonésio, mantendo a mulher como prisioneira. Mesmo assim, a Indonésia também respeitaria qualquer decisão tomada pelas Filipinas, incluindo se ela recebesse clemência.

A família e os apoiadores da mulher passaram por uma longa e exaustiva jornada para garantir seu retorno, incluindo longas batalhas legais, esforços diplomáticos e até uma petição online.

Quase teve a execução cumprida

Veloso quase foi executada por um pelotão de fuzilamento em 2015, mas obteve um adiamento temporário no último minuto depois que o falecido ex-presidente filipino, Benigno Aquino, apelou ao governo indonésio, dizendo que a prisioneira era necessária como testemunha em um caso legal separado.

O apelo veio depois que uma mulher que foi acusada de recrutar Veloso para um trabalho no exterior e de plantar drogas nela se entregou à polícia em Manila. Aquino disse que Veloso seria necessária para testemunhar no caso contra ela.

Apenas Veloso recebeu o indulto na época. Outros oito — incluindo dois australianos que faziam parte da rede de contrabando de heroína “Bali Nine”, quatro nigerianos, um brasileiro e um indonésio — foram mortos a tiros.

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